Assessores técnico-pedagógicos de Língua Portuguesa

"A educação é um processo social, é desenvolvimento. Não é a preparação para a vida, é a própria vida." John_Dewey



Caros professores, caso vocês tenham sugestões, ideias e atividades que queiram compartilhar com a rede, enviem para este email - linguaportuguesa.sv@gmail.com

Diretoria de Ensino Fundamental

Este é um espaço especialmente destinado para os professores de Língua Portuguesa, da rede Municipal de São Vicente, para que possamos compartilhar conhecimentos e refletir sobre nossa prática docente.

2 de maio de 2012

gênero - Conto Popular


Uriri e Bertolina
Uriri e Bertolina tocam roça no assentamento e têm quatro filhos. Um é moço e se chama Virgulino, respondendo pelo apelido de “cabeça de burro”; a filha está buchuda, fazendo pouco que casou na “igreja verde”; o terceiro filho, abestado de tanto tomar mé, é Raimundo, conhecido por “rola pé”; e outro filho é “Zé do Balcão”.
Uriri precisou ir à rua, mode que tava com baticum e curuba. Na rua, precisou ver a dotora e também fazer o rancho, antes que ficasse turvo, pois no dia seguinte tinha juquira da grossa.
Antes de sair, Uriri disse para a patroa:
– Ma homi! Prepara o quebra-jejum, mode tô avexado.
De quebra-jejum, Uriri comeu pixicado, frito, modubim, mangolão, chambari, pegado, arroz de leite, simbereba, passa raiva, jerimum e aipim. Muito avexado, azuado, aperreado e seboso, Uriri pegou o gongo gomado pela patroa, a lembreta, um pouco de tapioca e a jóia, colocou tudo numa boroca e num banzo e partiu rumo à rua.
Uriri andou curiando tudo na estrada e no meio do caminho viu uma cunhã numa tibuzana, trabalhando com o tapiti no rancho. Ao chegar perto, a cunhã disse:
– Encosta aqui e venha pegar o rango enquanto eu vou ali jogar no mato a massa do aipim.
Uriri, que já tinha comido muito em casa, agradeceu a cunhã e continuou a viagem, tomando mé pelo caminho. Quando chegou na rua, estava num banzo danado e foi parar no campo santo à procura da dotora. Lá verteu água à vontade. Sem conseguir sair dali, Uriri dormiu como estava.
No outro dia, ao perceber que estava no campo santo, saiu aperreado rumo ao armazém para fazer o rancho, depois foi à clínica ver a dotora e por fim foi ao rancho de seu irmão.
Ao chegar no rancho, uma vizinha contou que seu irmão tinha batido as botas e que a sentinela fora na semana anterior e que aquele dia já era o dia de visita ao campo santo.
Uriri saiu meio abestado do rancho, mas não quis ir ver seu irmão, já que tinha passado a noite bem perto dele, deu-se por satisfeito.
Voltando à rua, Uriri tratou de comprar o que faltava: a farda para o “cabeça de burro” ir para a escola.
Ao chegar em casa, sua patroa Bertolina, muito aperreada, disse:
– Corno! Por que demorou? Nossa filha pariu, e a cria está com mal de sete dias.
Uriri, aperreado, quis tirar o paninho para conferir se era fêmea ou macho, sem dar ouvido à patroa.
Bertolina, muito macha, disse para Uriri deixar de saliência e voltar correndo para a rua:
– Ande, homi! Num tá vendo que a cria carece da dotora. Vá, caminhe pra rua de novo e traga a dotora pra espiá essa criatura. Eta, homi mole.

(Conto popular de Tocantins. Palmas, 2001.).

Ao terminar a primeira leitura, você deve estar se perguntando que história é essa. Como compreender um texto em que o significado da maioria das palavras você não reconhece?

Pense nisso. Será que um texto pode informar algo se o leitor não consegue compreendê-lo? Será que há alguma coisa que o leitor possa fazer para decifrar este texto, a princípio, incompreensível? Vamos tentar?

Atividade
1)    Com certeza você deve ter encontrado alguma dificuldade para compreender o texto. Procure explicar qual foi essa dificuldade.


2)    Se os alunos de Tocantins lessem o mesmo texto em sala de aula, encontrariam as mesmas dificuldades que você? Por quê?


3)    Segundo o contexto da estória “Uriri e Bertolina”, como você reescreveria os trechos a seguir, para que ficassem compreensíveis?

a)    “Na rua, precisou ver a dotora e também fazer o rancho, antes que ficasse turvo (...)”.

b)    “– Ma, homi! Prepara o quebra-jejum, mode tô avexado.”.

4)    Volte ao texto e grife as palavras que você não compreendeu durante a leitura. Relacione  a seguir dez palavras grifadas e complete o quadro com o significado provisório que  você atribuiu a elas e, depois da discussão com o professor em sala, finalize o quadro  acrescentando o significado real:

 
5)    Escolha um colega da turma e reconte a lenda com as suas palavras.

6)    Discuta com os colegas e observe quais são as características do texto e da prática de  leitura que contribuíram para a realização de diferentes leituras na turma.

Um comentário:

Márcia Ferreira disse...

Nossa! que bacana! Estou muito feliz por ter encontrado este Blog, atividades como esta nos ajuda em nosso dia dia. Muito obrigada! Assim que possível estarei postando algumas atividades para contribuir em nosso trabalho pedagógico.