Assessores técnico-pedagógicos de Língua Portuguesa

"A educação é um processo social, é desenvolvimento. Não é a preparação para a vida, é a própria vida." John_Dewey



Caros professores, caso vocês tenham sugestões, ideias e atividades que queiram compartilhar com a rede, enviem para este email - linguaportuguesa.sv@gmail.com

Diretoria de Ensino Fundamental

Este é um espaço especialmente destinado para os professores de Língua Portuguesa, da rede Municipal de São Vicente, para que possamos compartilhar conhecimentos e refletir sobre nossa prática docente.

26 de abril de 2010

Sociedade, cultura, língua

Quando você conversa com pessoas bem mais velhas, percebe que elas têm um modo de pensar diferente do seu, não é? O mesmo acontece quando você tem informações sobre como vivem pessoas que nasceram e moram em países distantes, com costumes diversos dos nossos. Essas diferenças dependem da cultura, isto é, o conjunto de formas de dizer, pensar e sentir de uma pessoa ou de uma sociedade.
Guarde duas idéias importantes:
1. A cultura muda no decorrer do tempo e depende do lugar: é uma construção social e histórica;
2. A língua é um dos elementos que expressam fortemente a cultura e que contribuem para transformá-la.
Portanto, sociedade, cultura e língua interferem continuamente uma na outra. Você vai ler um texto, publicado pouco antes do novo Código Civil, que é um exemplo do que afirmamos.
Sabe o que é o Código Civil? É um conjunto de leis que se referem às pessoas e às atividades essenciais que fazem parte da sociedade humana. O Código Civil inclui todas as normas consagradas ao longo do tempo, podendo, no entanto, modificá-las para se adequarem à mudança dos costumes e às necessidades sociais. O Código Civil seria uma espécie de “Constituição do Homem Comum”

Agora, leia o texto.
O Código Civil de 1916, que entrou em vigor no dia 1º de janeiro de 1917, privilegiou claramente o masculino, como era uso ao seu tempo. O pai era o chefe da sociedade conjugal, a mulher casada era relativamente incapaz, a gerência e a administração dos bens eram do marido e havia longuíssima enumeração dos requisitos do dote, constituído pela noiva, por seus pais ou por estranhos, a ser administrado exclusivamente pelo marido. O dote poderia compreender todos os bens da noiva na data do casamento e os que ela, no futuro, viesse a adquirir. (...)
Algumas discriminações foram desaparecendo ao longo do tempo, como aconteceu com a chefia absoluta da sociedade conjugal, extinta em 1962. As discriminações sociais resistiram muito para desaparecer. A mulher preferia suportar os defeitos do esposo a deixá-lo, pois era ela quem quase sempre pagava pelo peso social de ser, como se dizia, “largada do marido”.
O preconceito, porém, não terminava aí. A palavra homem foi tomada na lei brasileira durante grande parte do século 20 como significando a pessoa titular de direitos, enfim, o ser humano. A rigor, continuará a existir até o fim deste ano, quando terminará a vigência do código de 1916, cujo artigo 2º diz: “Todo homem é capaz de direitos e obrigações na ordem civil.” (...)
As mudanças que começarão a viger em 1º de janeiro próximo eliminaram expressões impróprias e discriminadoras. Assim, o artigo 1º passará a dizer que “toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil”. O critério para a capacidade civil é o mesmo para homens e mulheres.(...)
O novo artigo 1565 dirá tudo a respeito da igualdade no casamento. O homem e a mulher serão “consortes, companheiros e responsáveis pelos encargos da família”. Nem mesmo substituirá a tradicionalíssima imposição de a mulher adotar o nome de família do marido ou, no máximo, manter o nome de solteira. A contar do ano que vem, qualquer dos noivos, querendo, poderá acrescer o sobrenome do outro ao seu. Seja o dele, seja o dela. (...)

Ceneviva, Walter. “Código Civil amenizará diferenças de sexo”. Folha de S. Paulo, Cad. Cotidiano, seção Letras Jurídicas, 17/08/2002, p. 2.



Atividades

1) Antes de procurar entender o texto, preste atenção à informação que vem imediatamente após ele: quem o escreveu, título, qual é o suporte (livro, revista, jornal, folheto, site, etc.), seção e data de publicação.

a) Qual é o título do texto?
b) O novo Código Civil entrou em vigor em 1º de janeiro de 2003, portanto, o fato já aconteceu. Por que então o verbo do título está no futuro?
c) Em que tipo de suporte o artigo foi publicado?
d) A que área do conhecimento o texto pertence?
e) Qual é o dialeto usado pelo autor? Por que ele é adequado?

2) O texto refere-se à discriminação no Código Civil. De que tipo?

3) Como a linguagem do Código Civil de 1916 exprimia tal preconceito?

4) De 1916 para cá, o modo de entender o papel da mulher na sociedade mudou. Encontre no texto um exemplo de que a língua acompanha a mudança de costumes.

5) Pense na comunidade em que você vive. É difícil, talvez mesmo impossível, existir alguma em que pessoas não façam discriminações de nenhuma espécie. Você sabe que a linguagem “mostra” a discriminação, os preconceitos de quem a usa. Liste as palavras ou expressões da linguagem oral que exprimem os preconceitos existentes na sua comunidade. Participe da conversa que o professor vai propor sobre essa questão.

19 de abril de 2010

Interpretação de Texto

A outra senhora
A garotinha fez esta redação no ginásio:


“Mammy, hoje é dia das Mães e eu desejo-lhe milhões de felicidades e tudo mais que a Sra. sabe. Sendo hoje o dia das Mães, data sublime conforme a professora explicou o sacrifício de ser Mãe que a gente não está na idade de entender mas um dia estaremos, resolvi lhe oferecer um presente bem bacaninha e ver as vitrines e li as revistas. Pensei em dar à Sra. o radiofono Hi-Fi de som estereofônico e caixa acústica de 2 alto-falantes amplificador e transformador mas fiquei em dúvida se não era preferível um tv legal e cinescópio multirreacionário e som frontal, antena telescópica embutida, mas o nosso apartamento é um ovo de tico-tico, talvez a Sra. adorasse o transistor de 3 faixas de ondas e 4 pilhas de lanterna bem simplesinho, levava ele para a cozinha e se divertia enquanto faz comida. Mas a Sra. se queixa tanto de barulho e dor de cabeça, desisti desse projeto musical, é uma pena, enfim trata-se de um modesto sacrifício de sus filhinha em intenção da melhor Mãe do Brasil.
Falei em cozinha, estive quase te escolhendo o grill automático de 6 utilidades porta de vidro refratário e completo controle visual dão prazer uma semana, chateação o resto do mês, depois encosta-se eles no só não comprei-o porque diz que esses negócios eletrodomésticos dão prazer uma semana, chateação o resto do mês, depois encosta-se eles no armário da copa. Como a gente não tem armário de copa nem copa, me lembrei de dar um, serve de copa, despensa e bar, chapeado de aço tecnicamente subdesenvolvido. Tinha também um conjunto para cozinha de pintura porcelanizada, fecho magnético ultra-silencioso puxador de alumínio anodizado, um amoreco. Fiquei na dúvida e depois tem o refrigerador de 17 pés cúbicos integralmente utilizáveis, congelador cabendo um leitão ou peru inteiro, esse eu vi que não cabe lá em casa, sai dessa?
Me virei para a máquina de lavar roupa sistema de tambor rotativo mas a Sra. Podia ficar ofendida deu querer acabar com a sua roupa lavada no tanque, alvinha que nem pomba branca. Mammy bate e esfrega com tanto capricho enquanto eu estou no cinema ou tomo sorvete com a turma. Quase entrei na loja para comprar o aparelho de ar condicionado de 3 capacidades, nosso apartamentinho de fundo embaixo do terraço é um forno, mas a Sra. vive espirrando, o melhor é não inventar moda.
Mammy, o braço dói, e tinha um liqüidificador de 3 velocidades, sempre quis que a Sra. não tomasse trabalho de espremer laranja, a máquina de tricô faz 500 pontos, a Sra. sozinha faz muito mais. Um secador de cabelo para Mammy! gritei, com capacete plástico mas passei adiante, a Sra. não é desses luxos, e a poltrona anatômica me tentou, é um estouro, mas eu sabia que a minha Mãezinha nunca tem tempo de sentar. Mais o quê? Ah, sim, o colar de pérolas acetinadas, caixa de talco de plástico perolizado, par de meias, etc. Acabei achando tudo meio chato tanta coisa para uma garotinha só comprar e uma pessoa só usar mesmo sendo a Mãe mais bonita e merecedora do Universo. E depois, Mammy, eu não tinha nem 80 cruzeiros, eu pensava que na véspera deste Dia a gente recebesse não sei como uma carteira cheia de notas amarelas, não recebi nada e te ofereço este beijo bem beijado e carinhosão de tua filhinha Isabel.”


ANDRADE, C.D. de. Cadeira de balanço. Rio de Janeiro: Record, 1996, p.143-146.



Estudo do texto

Depois da leitura, em grupos de no máximo 3 pessoas, discuta e responda às questões abaixo. Se acharem interessante, podem juntar duas perguntas em uma só resposta. Elas têm o objetivo de chamar a atenção de vocês para alguns pontos, e eles nem sempre são independentes. Escolham um relator, para apresentar as posições do grupo, no momento da discussão em conjunto.

1– Sua expectativa e a de seus colegas, com relação à linguagem, foi correta?

2 – Mesmo com relação ao registro da criança, a carta apresenta uma evolução muito interessante.
Observe as mudanças principais que vão ocorrendo na carta, com relação ao tratamento, aos presentes, etc.

3 – Além do dialeto/registro da criança, a carta mostra traços de outros.

a) Quais são?

b) Qual a intenção desse uso?

4 – Que efeito criam no leitor dois níveis tão diferentes de linguagem?

5 – Vocês já devem ter apontado que a carta apresenta “problemas” de pontuação. Vocês os atribuiriam exclusivamente ao fato de se tratar de uma criança que ainda não domina todos os elementos da escrita?
(Pensem no material que ele utiliza para “comprar” o presente”.)

6 – Vocês acham que a criança domina o vocabulário técnico presente na sua carta? Dê exemplos que confirmem sua opinião.

7 – E vocês dominam esse vocabulário? Nas propagandas, que intenção tem essa linguagem técnica?

8 – Na sua opinião, que intenção teria o autor, ao fazer essa crônica?

9 – Independentemente de sua opinião, parecem claras duas críticas do autor. Quais são elas?

10– Além do humor e das críticas, bem ao jeito de Drummond, há uma valorização bastante interessante aí. Qual é?

11 – Afinal, vocês observaram no texto uma mistura de gêneros (a crônica que é uma carta), de dialetos e de registros. A que conclusões vocês chegam, com relação:

a) a cada realização momentânea da língua?

b) à construção do texto literário?

12 – Qual sua opinião sobre essa crônica? (Procurem dizer sinceramente por que gostaram ou não do texto.)

12 de abril de 2010

Você conhece algum brasileiro que não saiba o que significa a palavra FUTEBOL?

Um pouco difícil, se não impossível, não é mesmo?

Observe a imagem a seguir e fale tudo o que você souber sobre ela:



a) Enumere todas as informações que você foi capaz de identificar na foto: a localização, as pessoas, as ações, as expressões, a situação, etc.
b) Escolha um colega da turma e, juntos, procurem produzir um texto que descreva a cena que vocês observaram na fotografia de futebol analisada.


c) Agora, a sua dupla deverá listar todas as informações encontradas no Texto 2.
d) Discuta com o seu colega sobre as informações que vocês possuem sobre essa imagem e produza um texto contando o que aconteceu naquele momento.

5 de abril de 2010

Leitura de Imagem - Situação do Cotidiano

Há muitas maneiras de se ler um texto. Em diferentes situações do dia-a-dia, estamos em contato com textos variados, espalhados em locais públicos. Você já observou quais são os textos em exposição nos locais públicos da sua vizinhança? Procure olhar com atenção e observar os textos a sua volta.


1) Aponte um detalhe da foto que tenha chamado a sua atenção durante a leitura.
2) A fotografia revela possíveis informações sobre as pessoas que estão na cena registrada. O que você pode dizer a respeito do cenário da foto e das ações das pessoas?
3) Para você, qual é o objetivo de leitura das pessoas presentes na fotografia?