Trem de ferro
Café com pão
Café com pão
Café com pão
Virge Maria que foi isto maquinista?
Agora sim
Café com pão
Agora sim
Voa, fumaça
Corre, cerca
Ai seu foguista
Bota fogo
Na fornalha
Que eu preciso
Muita força
Muita força
Muita força
Oô...
Foge, bicho
Foge, povo
Passa ponte
Passa poste
Passa pasto
Passa boi
Passa boiada
Passa galho
De ingazeira
Debruçada
No riacho
Que vontade
De cantar!
Oô ...
Quando me prendero
No canaviá
Cada pé de cana
Era um oficiá
Oô...
Menina bonita
Do vestido verde
Me dá tua boca
Pra matá minha sede
Oô...
Vou mimbora vou mimbora
Não gosto daqui
Nasci no sertão
Sou de Ouricuri
Oô...
Vou depressa
Vou correndo
Vou na toda
Que só levo
Pouca gente
Pouca gente
Pouca gente...
Bandeira, Manuel. Estrela da vida inteira. 2a. ed. Rio de Janeiro, José Olympio/INL, 1970.
Leia o poema de Manuel Bandeira. Para responder às perguntas, leia-o novamente. Se tiver o disco a que fizemos referência, permita que os alunos ouçam a música e comparem o efeito do texto nos dois modos de apresentação.
a) A leitura do poema lembra o ritmo de um trem em movimento. Em que versos o som das palavras mais se parece com o barulho do trem?
b) Pela sonoridade e pelo ritmo dos três primeiros versos do poema, sabemos que o trem de ferro já deu a partida, iniciando a viagem. O quarto verso, no entanto, é mais longo, e nele predomina o som dos ii: “Virge Maria que foi isso maquinista?”. Que ruído do trem este verso procura imitar?
c) A terceira estrofe indica que o trem adquiriu maior velocidade. Que palavras desta estrofe têm a função de mostrar o aumento da velocidade?
d) Observe o verso “Corre, cerca”. Explique como a cerca, que é um elemento sem vida, pode correr.
e) Na quarta estrofe, há dois versos iniciados com a palavra “foge” e seis com a palavra “passa”. A repetição destes verbos e o significado deles indicam que velocidade para o trem no trecho em questão?
f) O ritmo do poema acompanha o ritmo do trem. Releia a quinta estrofe e verifique: a velocidade do trem é maior ou menor do que no restante do poema? Qual a causa da mudança?
g) Na quinta estrofe o trem está preso num canavial e cada pé de cana lhe parece um oficial, isto é, um soldado. Quais as semelhanças entre o pé de cana e o oficial que permitem a Manuel Bandeira fazer essa comparação?
h) Quem é o eu que fala no poema? Qual o dialeto usado por ele? Que marcas lingüísticas desse dialeto aparecem no texto?
i) Manuel Bandeira é um dos precursores do Movimento Modernista na literatura brasileira, tendo participado da Semana da Arte Moderna de 1922. Foi professor de Literatura e um dos homens mais cultos de seu tempo. Tendo em vista essas informações sobre o poeta, justifique o uso do dialeto a que nos referimos na questão anterior.