Assessores técnico-pedagógicos de Língua Portuguesa

"A educação é um processo social, é desenvolvimento. Não é a preparação para a vida, é a própria vida." John_Dewey



Caros professores, caso vocês tenham sugestões, ideias e atividades que queiram compartilhar com a rede, enviem para este email - linguaportuguesa.sv@gmail.com

Diretoria de Ensino Fundamental

Este é um espaço especialmente destinado para os professores de Língua Portuguesa, da rede Municipal de São Vicente, para que possamos compartilhar conhecimentos e refletir sobre nossa prática docente.

28 de fevereiro de 2011

Sequência Didática - Crônica - parte II


MÓDULO 1- CONTEXTO DE PRODUÇÃO

I. Leitura de crônicas.
 A cadeira do dentista
            Fazia dois anos que não me sentava numa cadeira de dentista. Não que meus dentes estivessem por todo esse tempo sem reclamar um tratamento. Cheguei a marcar várias consultas, mas começava a suar frio folheando velhas revistas na ante-sala e me escafedia antes de ser atendido. Na única ocasião em que botei o pé no gabinete do odontólogo – tem uns seis meses -, quando ele me informou o preço do serviço, a dor transferiu-se do dente para o bolso.
            - Não quero uma dentadura em ouro com incrustações em rubis e esmeraldas – esclareci -, só preciso tratar o canal.
            - É esse o preço de um tratamento de canal!
            - Tem certeza? O senhor não estará confundindo o meu canal com o do Panamá?
            Adiei o tratamento. Tenho pavor de dentista. O mundo avançou nos últimos 30 anos, mas a Odontologia permanece uma atividade medieval. Para mim não faz diferença um “pau-de-arara” ou uma cadeira de dentista: é tudo  instrumento de tortura.
            Desta vez, porém, não tive como escapar. Os dentes do lado esquerdo já tinham se transformado em meros figurantes da boca. Ao estourar o pré-molar do lado direito, fiquei restrito à linha de frente  para mastigar maminhas e picanhas. Experiência que poderia ter dado certo, caso tivesse algum jeito para esquilo.
            A enfermeira convocou-me na sala de espera. Acompanhei-a, após o sinal-da-cruz, e entramos os dois no gabinete do dentista, que, como personagem principal, só aparece depois do circo armado.
            - Sente-se – disse ela, apontando a cadeira.
            - Sente-se a senhora – respondi com educada reverência -, ainda sou do tempo em que os cavalheiros ofereciam seus lugares às damas.
            Minhas pernas tremiam. Ela tornou a apontar para a cadeira.
            - O Senhor é o paciente!
            - Eu?? A senhora não quer aproveitar? Fazer uma obturaçãozinha, limpeza de tártaro? Fique à vontade. Sou muito paciente. Posso esperar  aqui no banquinho.
            O dentista surgiu com aquele ar triunfal de quem jamais teve cárie. Ah! Como adoraria vê-lo sentado na própria cadeira extraindo um siso incluso! Mal me acomodei e ele já estava curvado sobre a cadeira, empunhando dois miseráveis ferrinhos, louco para entrar em ação. Nem uma palavra de estímulo ou reconforto. Foi logo ordenando:
            - Abra a boca.
            Tentei, mas a boca não obedeceu aos meus comandos.
            - Não vai doer nada!
            - Todos dizem a mesma coisa – reagi. – Não acredito mais em vocês!
            - Abra a boca! – insistiu ele. Abri a boca. Numa cadeira de dentista sinto-me tão frágil quanto um recruta diante do sargento do batalhão.
            Ele enfiou um monte de coisas na minha boca e tocou o dente com um gancho.
            - Ta doendo?
            - Urgh argh hogli hugli.
            Os dentistas são tipos curiosos. Enchem a boca da gente de algodão, plástico, secadores, ferros e depois desandam a fazer perguntas. Não sou daqueles que conseguem responder apenas movendo a cabeça. Para mim, a dor tem nuances, gradações que vão além dos limites de um sim-não.
            - A anestesia vai impedir a dor – disse ele, armado com uma seringa.
            - E eu vou impedir a anestesia – respondi duro segurando firme no seu pulso.
            Ele fez pressão para alcançar minha pobre gengiva. Permaneci segurando seu pulso. Ele apoiou o joelho no meu baixo ventre. Continuei resistindo, em posição defensiva. Ele subiu em cima de mim. Miserável! Gemi quase sem forças. Ele afastou a mão que agarrava seu pulso e desceu com a seringa. Lembrei-me  de Indiana Jones e, num gesto rápido, desviei a cabeça. A agulha penetrou na poltrona. Peguei o esguichador de água e lancei-lhe um jato no rosto. Ele voltou com a seringa.
            - Não pense que o senhor vai me anestesiar como anestesia qualquer um – disse, dando-lhe um tapa na mão.
            A seringa voou longe e escorregou pelo assoalho. Corremos os dois para alcançá-la, caímos no chão, embolados, esticando os braços para ver quem pegava a seringa. Tapei-lhe o rosto com meu babador e cheguei antes. A situação se invertera: eu estava por cima.
            - Agora sou eu quem dá as ordens – vociferei, rangendo os dentes. – Abra a boca!
            - Mas ... não há nada de errado com meus dentes.
            - A mim você não engana. Todo mundo tem problemas dentários. Por que só você iria ficar de fora? Vamos, abra essa boca!
            - Não, não, não. Por favor – implorou. – Morro de medo de anestesia.
            Era o que eu suspeitava. É fácil ser corajoso com a boca dos outros. Quero ver continuar dentista é na hora de abrir a própria boca. Levantei-me, joguei a seringa para o lado e disse-lhe, cheio de desprezo:
            Você não passa de um paciente!

Carlos Eduardo Novaes
(In: A cadeira do dentista – Para gostar de ler 15. 8ª. Ed. São Paulo: Ática, 2009. p.53-5.)

Professor, o objetivo desse módulo é fazer o aluno ter contato com crônicas.
Pedir aos alunos que pesquisem crônicas e tragam para a aula. O professor também deve trazer textos.

Agora responda:
1.      Quem o escreveu?
Carlos Eduardo Novaes.

2.      Quem seriam os possíveis destinatários deste texto?
Estudantes.

3.      Que fato deu origem ao texto que você leu?
O medo que as pessoas têm do dentista.

4.      Como você caracterizaria esse fato? Assinale:

(    ) Um acontecimento de grande importância para todos os leitores.
( x ) Um fato real, corriqueiro, que ocorreu na época em que o texto foi produzido.
(    ) Um acontecimento trágico, catastrófico, que mereceu destaque em todos os meios de comunicação.


5.      Qual é o suporte desta crônica?
Livro.

6) Agora retorne ao texto “A bola nova” .

6.      Quem o escreveu?
Luis Fernando Veríssimo.

7.      Quem seriam os possíveis destinatários daquele texto?
Leitores de jornais.

8.      Que fato deu origem ao texto?
As críticas em relação à cor da nova bola de futebol.

9.      Como você caracterizaria esse fato? Assinale:

(    ) Um acontecimento de grande importância para todos os leitores.
( x ) Um fato real, corriqueiro, que ocorreu na época em que o texto foi produzido.
(    ) Um acontecimento trágico, catastrófico, que mereceu destaque em todos os meios de comunicação.

10.  Qual é o suporte daquela crônica?
Jornal Gazeta do Povo.

Professor, pedir aos alunos que leiam as crônicas que pesquisaram e respondam novamente a essas questões, com o objetivo de compreenderem de maneira significativa o contexto de produção.

SALVO PELO FLAMENGO

Desde garotinho que não sou Flamengo, mas tenho pelo clube da Gávea uma dívida séria, que torno pública neste escrito. Em 1956, passei uma semana em Estocolmo, hospedado em um hotel chamado Aston. Era primavera, pelo menos teoricamente, havia um congresso internacional na cidade, os hotéis estavam lotados, criando contratempos para turistas do interior ou estrangeiros. A recepção do Aston, por exemplo, vivia sempre cheia de gente implorando por um quarto ou discutindo a respeito de uma reserva feita por telegrama ou telefone.
Estava há dois ou três dias na cidade, quando me pediram para receber um brasileiro e encaminhá-lo ao hotel, onde lhe fora reservado de fato um apartamento. Era uma hora da madrugada quando entramos no hotel e me encaminhei até o empregado do balcão, dando-lhe o nome do meu amigo e lembrando-lhe a reserva. O funcionário, homem de uns sessenta anos e de uma honesta cara escandinava, tomou uma atitude estranha e difusa, que a princípio me surpreendeu e ia acabando por me indignar: ele não confirmava a existência da reserva, nem deixava de confirmar. Como começasse a protestar, vi que seu rosto tomava uma expressão aflita; eu entendendo cada vez menos. Quando passei a exigir o apartamento com alguma energia, o homem, trêmulo, nervoso, pediu-me desculpas e trouxe afinal a ficha de identificação. Foi aí que vi levantar-se da penumbra de uma saleta contígua o gigante.
Se o leitor conhece um homem forte, mas muito forte mesmo, imagine uma pessoa duas vezes mais forte, e terá uma vaga ideia desse gigante que veio andando até nós, botando ódio pelos olhos e espetacularmente bêbado. O monstro passou por mim com desprezo e, agarrando o empregado pela gola do uniforme, entrou a sacudi-lo e insultá-lo em sueco. Às vezes, éramos arrolados nessa invectiva, pois o gigante nos apontava enquanto dizia coisas. O empregado, demonstrando possuir um bom instinto de conservação, deixava-se sacolejar à vontade. Rosnando assustadoramente, o ciclope foi sentar-se de novo na saleta, onde só então dei pela presença de outro sujeito, também bêbado, mas sinistramente silencioso.
É hoje, pensei. Sair do meu Brasilzinho tão bom, fazer uma viagem imensa, para ser trucidado sem explicação por um bêbado. O fato de ser na Suécia, onde arbitrários atos de violência não são comuns, ainda tornava mais absurdo, um absurdo existencialista, o meu triste fim.
Indaguei do empregado o que se passava. Ficou mudo. Insisti na pergunta, e ele, sussurrando desamparadamente, explicou-me que o gigante estava a pensar: primeiro, que não conseguira vaga no hotel por ser sueco e estar embriagado; segundo, que nós conseguíramos por ser americanos, norte- americanos. Ora, se meu amigo de fato era meio ruivo, seu jeitão era mineiro; quanto a mim, se fosse americano, só poderia ser filho de portugueses. Por outro lado, o meu inglês amarrado não deixava a menor dúvida sobre a questão de ser ou não ser americano. Só mesmo um sueco bêbado em uma madrugada de neve e vento iria supor que fôssemos americanos. Mas agora era o próprio gigante que bradava para nós com sarcasmo e ira:
 - American! American!
Fiquei um pouco mais esperançoso, acreditando que ele falasse inglês, e disse-lhe, exagerando minha alegria e meu orgulho por isso, que não éramos americanos coisa nenhuma, éramos brasileiros.
Não entendeu ou talvez pensou que estivéssemos covardemente a renegar a nossa pátria, voltando a vociferar, em um esforço linguístico que contraía todos os músculos de seu rosto:
- American! Dollar! No like!
As palavras em si significavam pouco, mas a maneira de exprimi-las era de um eloquência que teria destruído Catilínia* muito mais depressa que os discursos de Cícero. Durante alguns minutos mantivemos os dois uma polêmica oratória nestes termos:
- American!
            - No, Brazilian!
            - American!
            - Brazilian!
           
Essa versátil discussão ia levar-me ao abismo, quando de súbito me pareceu que a palavra “Brazilian” havia penetrado por fim em sua testa granítica. Descontraindo os músculos, o gigante me perguntou:
            - Brazil?! No american? Brazil?
            Não tinha certeza se ele estava me gozando, mas sua expressão era tão estranhamente deslumbrada e infantil, que afirmei cheio de entusiasmo:
            - Yes, Brazil!
            Ele se levantou, cambaleou, aproximou-se, apontou meu amigo:
            - Brazil?
            - Brazil, Brazil.
            Veio chegando, sorrindo, em pleno estado de graça, e gritou com alma, como se saudasse o nascimento de um mundo novo:
            - Flamengo!! Flamengo!!
            Imediatamente, o gigante entrou em transe e começou a fazer problemáticas firulas com uma bola imaginária, mas dando a entender cabalmente o quanto ele admirava (admirava é pouco: o quanto ele amava) o malabarismo dos nossos jogadores. O gigante se desencantara, virando menino. A certa altura, depois de fazer um passe de letra, parou e confessou-me com um orgulho caloroso:
            - I Flamengo! I Rubens!
            Ele não era sueco, não era gigante, não era bêbado, não era um ex-campeão de hóquei (conforme soube depois), era Flamengo, era Rubens. Depois cutucou-me o peito, tomado de perigosa dúvida:
            - You! Flamengo?
            Que o Botafogo me perdoe, mas era um caso de vida ou de morte, e também gritei descaradamente:
            - Flamengo! Yes! Flamengo! The greatest one!



 

Ciclope era um gigante imortal da mitologia grega que possuía apenas um olho, no centro da testa e trabalhava como ferreiro com Hefesto. Segundo alguns, era filho de Urano e Gaia, os mesmos pais de Cronos, que você conheceu no início desta atividade.

         

CAMPOS, Paulo Mendes. Salvo pelo Flamengo. In: SANTOS, Joaquim Ferreira dos.
As cem melhores crônicas brasileiras. Rio de Janeiro:Objetiva, 2007. p. 115-6.

MÓDULO 2 – ORGANIZAÇÃO TEXTUAL

1) A crônica é quase sempre um texto curto, com poucas personagens, que se inicia quando os fatos principais da narrativa estão por acontecer. Por essa razão, o tempo e o espaço são limitados. Na crônica “A cadeira do dentista”:

a) Quais são as personagens envolvidas na história? Comente sobre elas.

b) Onde acontecem os fatos narrados?


c) Qual é o tempo de duração desses fatos?


2) Na crônica, os fatos podem ser narrados por um narrador-observador ou por um narrador-personagem. Qual é o tipo de narrador na crônica lida? Justifique com um trecho do texto.


3) Partindo de notícias veiculadas em jornais falados ou escritos ou em situações do dia-a-dia, o cronista pode representá-las com humor, reflexão crítica e sensibilidade.

a) Existe uma relação entre a situação vivida pelas personagens da crônica e a de nosso dia-a-dia? Justifique.
____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

b) Que objetivos o autor tem em vista: criar humor e divertir ou levar o leitor a refletir criticamente sobre a vida e os comportamentos humanos?
____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

c) Esta crônica chama a atenção do leitor? Justifique.


4) Observe a linguagem empregada na crônica em estudo.

a) Os fatos são narrados de forma pessoal, subjetiva de acordo com a visão do cronista, ou são narrados de forma impessoal, objetiva?



b) Esta crônica é mais literária ou jornalística? Por quê?


c) Que tipo de variedade lingüística é adotado na crônica: a variedade padrão formal ou a variedade padrão informal? Justifique sua resposta co um trecho do texto.

5) Troque idéias com seus colegas de grupo e concluam: Quais são as características da crônica?
Pessoal.
6) Baseando-se no texto Salvo pelo Flamengo, preencha este quadro com os elementos da narrativa:



Professor (a): Leve seus alunos a construírem que a crônica não é impessoal: o autor se coloca, opinando, posicionando-se diante dos fatos. São seus sentimentos que predominam


7) A crônica, em geral, é narrada em primeira pessoa, ou seja, o autor participa dos fatos como personagem. Cite, no mínimo, três passagens do texto que comprovem que o foco narrativo é em 1ª pessoa.
“Desde garotinho que não sou Flamengo...”
“É hoje, pensei.”
“Não tinha certeza se ele estava me gozando...”

8) Sabendo que a crônica fotografa um momento e a sensibilidade do cronista funciona como um “filtro”, que imprime singularidade ao retrato do fato. Se você tivesse de escolher um sentimento predominante nesta crônica, qual seria ele?
Pessoal.

9) Faça um resumo do enredo da narrativa Salvo pelo Flamengo.

21 de fevereiro de 2011

Sequência Didática - Crônica - parte I

 
Apresentação do gênero crônica
 Professor: apresente a imagem do deus Cronos da mitologia grega, em retroprojetor ou datashow e siga o roteiro de perguntas dirigidas à classe, crie outras conforme a ocasião, a fim de investigar com os alunos a semelhança entre o nome do gênero CRÔNICA  e o nome do deus Cronos. Coloque as respostas na lousa para que os alunos visualizem as informações no final da conversa.


1.      Cronologia – cronológico – cronômetro – cronometrar
O que essas palavras têm em comum?
Essas palavras têm em comum a origem grega. Todas se originam de chronos, que significa tempo. Cronologia é o tratado das datas históricas. Cronológico é relativo à cronologia. Cronômetro é um instrumento que mede intervalos de tempo. Cronometrar é registrar com cronômetro.

2.      E crônica? O que é uma crônica? Qual é a sua relação com essas palavras?
Espera-se que o aluno estabeleça a relação entre o conceito de tempo e a crônica, como um registro de fatos em ordem cronológica.

3.      Você já leu alguma crônica? Foi em jornal livro ou site?
Resposta pessoal.

4.      Você conhece alguns cronistas? Quais?
Alguns cronistas famosos: Fernando Sabino, Carlos Drummond de Andrade, Paulo Mendes Campos, Carlos Heitor Cony, Nelson Rodrigues, Walcyr Carrasco, Clarice Lispector, Luis Fernando Veríssimo, Rubem Braga, Lourenço Diaféria, etc.

APRESENTAÇÃO DA SITUAÇÃO
Professor, a apresentação da situação tem como intuito apresentar ao aluno o projeto que será executado nessa sequência, que é a produção de uma crônica, a produção final.

1)      Discuta com seu professor e colegas.
Professor, o objetivo desse exercício é que os alunos compreendam a situação de comunicação na qual devem agir. Compreenderem que a partir de uma conversa, um assunto cotidiano, eles conseguirão desenvolver uma crônica.

Qual o esporte vem à sua cabeça quando se pensa no Brasil? Basquete? Vôlei? Ou futebol? Bem, talvez você possa pensar diferente, mas para grande parte dos brasileiros, o futebol é o primeiro. Não se sabe ao certo o porquê, talvez ele crie certo espírito de equipe entre diferentes pessoas ou é um esporte barato, com uma simples latinha já dá para fazer uma “pelada”.

·         E você? Você é apaixonado por futebol?
·         Torce para algum time? Qual?
·         Na sua opinião, por que é um esporte tão querido pelos brasileiros?

2)      O texto a seguir, fala sobre uma personagem muito importante do futebol, mas que nem sempre é citada: a bola. Veja o que Luis Fernando Veríssimo escreveu sobre ela.
Professor, esse texto é um exemplo do que visa-se como produção final dessa sequência didática.

A bola nova

            Essa bola amarela, não sei não. Antigamente, as bolas de futebol tinham a cor do couro com que eram feitas. Pintadas de branco, só em jogo noturno. Lembro do meu espanto ao saber que, em cada jogo oficial de campeonato usavam uma bola nova, o que me levava a sonhar com montes de bolas estocadas em algum lugar. Uma visão do paraíso. E era uma bola por partida, substituída, com autorização do juiz, apenas em caso de perda de esferecidade, o nome científico de murchamento. Isto significava que, quando a bola espirrava para fora do campo, era devolvida pelo público para que o jogo pudesse continuar. A bola era devolvida pelo público! Talvez nada na nossa história recente tenha a importância simbólica desse fato: no tempo da Número 5 cor de couro, a torcida devolvia a bola. Se a bola demorasse a voltar para o campo havia manifestações de impaciência e quem a retivesse – só por farra, ninguém era ladrão – era hostilizado pelos outros torcedores. Não se sabe se a torcida passou a ficar com a bola quando começaram a usar várias por partida ou se foi algo na nossa alma que mudou. Há quem atribua a uma reversão dos polos magnéticos da Terra lá pelos anos 40 e 50 a deterioração do caráter do brasileiro. Não sei. Seja como for, uma das primeiras manifestações foi não devolverem mais a bola.
            Ela era branca só em jogo noturno porque ajudava a visibilidade, até se darem conta de que o branco também favoreceria a visibilidade de dia, pois seu contraste com o verde do gramado era maior do que o do marrom. Agora houve um retrocesso. A cor da nova bola não é marrom, é amarelo cocô-de-criança. Os goleiros estão se queixando de que ela é mais difícil de pegar, mas talvez estejam só com nojo. O contraste com o verde decididamente piorou. Não demora aparecer uma teoria conspiratória alegando que a troca foi para atrapalhar o Brasil na Copa deste ano. Um reconhecimento de que o Brasil era imbatível com a bola antiga, o campeão definitivo da bola branca. Como todos estranharão a bola nova da mesma maneira, estaria começando outra era com tudo reequilibrado, e com chance até para Trinidad e Tobago.
            Além da bola, o Brasil precisará se preocupar com a soberba. O clima nacional está um pouco como o de 82, lembra? Aquele time que foi pra Copa da Espanha, com Falcão, Cerezzo, Sócrates, Zico, Éder, também não podia perder pra ninguém, com qualquer bola. Nos anais da FIFA não consta, mas quem ganhou aquela Copa foi a Soberba. Vai ser nosso principal inimigo na Alemanha.

Veríssimo, Luis Fernando. A bola nova. Gazeta do povo, Curitiba, 22 jan. 2006. Caderno Opinião, p.15.

O texto que você acabou de ler é uma crônica. As crônicas são textos originalmente escritos para o jornal, mas se diferenciam dos outros textos porque os autores utilizam um assunto do cotidiano para fazer uma reflexão sobre as atitudes e o comportamento das pessoas.

 PRODUÇÃO INICIAL

Professor, neste momento, pedir aos alunos que fiquem e silêncio e pensem sobre a proposta da produção.

Proposta de Produção

·         Lembre-se dos lugares que você frequenta, nas pessoas que você conhece, nos assuntos mais comentados do momento que mais chama sua atenção.
·         Compartilhe com a sala o que você pensou.

Professor, anotar na lousa os fatos lembrados.

· Escolha um dos fatos da lousa e crie uma narrativa de 15 -25 linhas.

Professor, a partir de agora, auxiliar os alunos com a proposta de produção inicial. Não deixar de lembrá-los sobre os seguintes critérios antes da produção:

  • O gênero a ser abordado será a crônica.
  • A quem se dirige a sua produção?
  • Que forma assumirá a sua produção? (revista, jornal, coletânea)
  • Quem participará da produção? (individualmente, em grupos)

  • Antes de escrever a sua crônica, faça o esquema a seguir:

a)      A quem se dirige a sua produção?

________________________________________________________________________________________________________________________________


b)      Que forma assumirá a sua produção?
________________________________________________________________________________________________________________________________
c)      Quem participará da produção?
________________________________________________________________________________________________________________________________
Professor, a partir da primeira produção, você terá todos os dados necessários para planejar as intervenções necessárias no desenvolvimento das capacidades de linguagem dos alunos que, aprimorando-se dos instrumentos de linguagens próprios do gênero, estarão mais preparados para realiza a produção final.

18 de fevereiro de 2011

Instruções Gerais - Fundamental II

Diário de classe É um documento oficial da escola, e por isso deve sempre estar atualizado e não pode ser retirado da U.E.. Registrar a frequência diária (não aferir presença ao aluno que tenha faltado), o conteúdo bimestral, os conceitos de no mínimo dois instrumentos de avaliação, a apuração final da nota do aluno e o total de faltas no bimestre. Todas as observações pertinentes devem ser registradas no campo 11 (generalidades). Registrar os alunos de acordo com a listagem da PRODESP fornecida pela secretaria da escola.

Programas de Ensino Reformulados seguindo os Parâmetros Curriculares Nacionais, apresentados através de Competências e Habilidades a serem desenvolvidas e trabalhadas com os educandos.
É imprescindível que os docentes leiam e se apropriem dessa proposta de trabalho, tendo-a sempre a mão para consulta e encaminhamento dos conteúdos.

 Plano / Planejamento Anual - (Estratégias e Avaliação) - É necessário que todo o documento que comprove o percurso percorrido no processo de ensino-aprendizagem seja muito bem descrito e esteja de acordo com as suas características peculiares. Entregar ao Coordenador da U.E. até 18/03/2011 (sexta-feira), preferencialmente digitado. Deixar registrado de forma bem clara, quais são as Estratégias que serão trabalhadas e especificar de que forma ocorrerá o processo avaliativo.
Deverá ser analisado e vistado pelo Coordenador da U.E., para posterior apreciação do Coordenador da Seduc.

Plano de aula É o documento de registro pedagógico do docente. Deve ser elaborado com uma semana de antecedência. Através dele pode-se constatar como o educador programa as atividades diárias e variadas, assim como o processo de avaliação. Tem por finalidade o detalhamento de todo o conteúdo do Programa de Ensino.
Com a elaboração do Plano de aula visa-se o encadenciamento de todas as atividades na proporção certa e administradas de maneira a buscar o amplo conhecimento do aluno e melhor otimização do tempo pedagógico, de acordo com o programa de ensino.
É importante salientar que este documento não é um modelo a ser seguido rigorosamente. É a previsão do que será a aula, portanto, pode ocorrer como o planejado ou mudar no decorrer da mesma, conforme as circunstâncias do momento, a disposição dos alunos, do professor, do interesse despertado pelas atividades propostas, etc. Da mesma forma que o planejamento, o plano de aula é dinâmico e deve ser adaptado conforme a aula transcorre.
Numa eventual ausência do professor titular, ele fornece elementos e subsídios para que o professor substituto dê continuidade ao conteúdo e ao desenvolvimento da proposta.
O detalhamento do conteúdo e/ou atividades a serem trabalhadas deve conter a data e o registro das atividades e avaliações. No caso de impossibilidade de ministrar a aula programada, o educador deve registrar no plano o replanejamento da mesma.
O plano de aula será vistado pelo coordenador da U.E. semanalmente.

Avaliação É um processo diário e contínuo, tendo como função primeira orientar o trabalho do professor e a aprendizagem dos alunos e que se aplica desde o início da prática educativa, oferecendo elementos para que o docente possa fazer o seu planejamento e/ou replanejamento em todo o período letivo.
Também é importante ressaltar que o professor deve estar bem documentado, seguindo as orientações da Legislação vigente. É necessário que haja no mínimo, dois instrumentos de avaliação, que o professor sempre precisa ter em mãos a fim de constatar as suas ações e possibilitar a verificação do processo ensino-aprendizagem.
Procurar durante o ano letivo, trabalhar com atividades paralelas e diversificadas, a fim de tentar minimizar a defasagem de conteúdo de seus educandos.

Observação: as Avaliações Diagnósticas devem ser elaboradas e aplicadas em fevereiro.

Avaliação DiagnósticaÉ realizada inicialmente pelo educador para checar os pontos fracos e fortes do aluno na área de conhecimento em que se desenvolverá o processo de ensino-aprendizagem.  Esta etapa de ensino é um meio de construção de conhecimento, e diagnosticar no início, é verificar se o educando domina todos os pré-requisitos. O resultado desta avaliação pode apontar uma necessidade de revisão de um assunto que servirá de base para os seguintes. O conhecimento da realidade é condição preliminar para o bom andamento do ano letivo. A avaliação diagnóstica abrange a caracterização individual e coletiva da turma.

Estratégia - É a maneira como os recursos são utilizados, para que os objetivos sejam alcançados com sucesso. A estratégia deve ser elaborada de forma a manter a atenção e a motivação dos alunos durante toda aula. Provocando assim, debates e questionamentos para o bom desenvolvimento do tema e, se possível, aproximar os alunos de forma prática e interativa ao que está sendo estudado.

Relatório de Rendimento do Aluno Nos primeiros dias de fevereiro, o Coordenador da U.E. deverá fornecer os relatórios de rendimento (2010), para que os docentes possam ter um contato inicial com a bagagem e o aprendizado de cada aluno, auxiliando desta forma em sua avaliação diagnóstica das turmas a serem trabalhadas em 2011.
Verificar as informações contidas nesse relatório, juntamente com o resultado qualitativo da avaliação diagnóstica para definir o perfil de cada aluno e do grupo classe.

Visita as Unidades Escolares (Coordenadores da Seduc) - Realizada com o intuito de acompanhar, auxiliar e orientar a realização do trabalho pedagógico junto a Equipe Escolar e corpo docente, viabilizando as diretrizes implantadas pela Diretoria de Ensino Fundamental.
Os Coordenadores da Seduc auxiliarão os Coordenadores das U.E.s e os professores em relação à prática pedagógica e acompanharão a execução do Plano de aula, das Avaliações, do Plano / Planejamento Anual e dos Projetos de Leitura, assim como estarão à disposição para o auxílio em outras atividades pertinentes.

17 de fevereiro de 2011

Avaliação Diagnóstica - parte II

Sugestões de gêneros que podem ser cobrados na avaliação diagnóstica:

6º ANO
·         Bilhete / Carta pessoal;
·         Regras de jogos;
·         Entrevistas;
·         Fábulas / Lendas;
·         Poemas;
·         História em quadrinhos; 
·         Publicidade / Propaganda;
·         Relato de experiência vivida;
·         Resumo;
·         Autobiografia;
·         Relato de viagem;
·         Diário pessoal ou íntimo;
·         Verbetes de dicionário ou de enciclopédia;
·         Fotos / Ilustrações / Tabelas;
·         Folders / Letras de música;
·         Receita.


7º ANO
·         História em quadrinhos; 
·         Publicidade / Propaganda;
·         Relato de experiência vivida;
·         Relato de viagem;
·         Letras de música;
·         Carta / E-mail / Scraps;
·         Contos de suspense e de aventura;
·         Bula de remédio;
·         Carta de leitor / Peça teatral;
·         Regras de jogos;
·         Diário virtual / Resumo;
·         Verbetes de dicionário ou de enciclopédia;
·         Fotos / Ilustrações / Legenda;
·         Tabelas / Folders.

8º ANO
·         Entrevistas;
·         Publicidade / Propaganda;
·         Fotos / Ilustrações / Legendas;
·         Tabelas;
·         Folders / Cartazes;
·         Música;
·         Resumo;
·         Regulamento;
·         Biografia;
·         Resenha crítica e descritiva;
·         Artigo de opinião;
·         Procedimentos.

9º ANO
·         Publicidade / Propaganda;
·         Fotos / Ilustrações / Legendas;
·         Tabelas;
·         Folder / Cartazes;
·         Música;
·         Regulamento / Estatutos;
·         Resenha crítica e descritiva;
·         Artigo de opinião;
·         Entrevista / Debate;
·         Curriculum Vitae;
·         Carta de reclamação;
·         Contratos públicos;
·         Requerimento.